Antigamente adiava pedir testemunhos da mesma forma que adiava limpar o forno.
Convencia-me de que o faria “quando tivesse tempo”, e depois arrepiava-me só de pensar em parecer carente na caixa de entrada de alguém. Entretanto, o trabalho estava bom, os clientes estavam satisfeitos, e só os mesmos três colegas que me ouviam praguejar com a impressora é que sabiam. Numa terça-feira chuvosa em Brighton, com a chaleira a desligar-se e uma caneca a deixar uma marca quente na secretária, escrevi um email que me pareceu diferente. Era curto, simpático e curiosamente leve. Carreguei em enviar e esperei, à espera do silêncio polido do costume. Dois minutos depois o telemóvel vibrou, depois outra vez, e outra vez. Algo tinha mudado. Vou mostrar-te as palavras exatas e as pequenas razões humanas pelas quais funcionam.
O pedido incómodo que não podes continuar a adiar
Todos já passámos por aquele momento em que fizeste um trabalho excelente, o cliente diz “isto está brilhante”, e o teu cérebro sussurra, pede-lhe uma frase. Depois o estômago dá uma volta porque parece que estás a pedir mesada. Deixas passar o momento, o entusiasmo esvanece-se, e voltas à lista de tarefas como se nada tivesse acontecido. As semanas passam. Aquele brilho que partilharam transforma-se numa memória morna e ficas a olhar para o site sem prova de vida nova.
Dizia a mim mesmo que o meu trabalho devia falar por si. Uma boa ideia. Não é uma estratégia. As pessoas estão ocupadas, e mesmo clientes satisfeitos precisam de um pequeno empurrão para pôr sentimentos em palavras. Se não és tu a pedir, alguém é. Se pedes de forma trapalhona, ignoram-te. Não é má vontade, é fricção.
A primeira vez que percebi isto verdadeiramente foi depois de um lançamento concluído antes do previsto. O fundador estava eufórico, “Salvaste-nos o trimestre”, disse ele, ainda com adrenalina e café morno. Murmurei qualquer coisa sobre talvez enviar um pedido de feedback e ele disse sim, claro, envia. Mandei o email errado — longo, vago, demasiado sério — e veio o silêncio total. O entusiasmo já tinha passado. O meu timing estava errado, o pedido era pesado e dei-lhe demasiado trabalho.
O que aprendi ao ser ignorado
Não eram os clientes. Era eu. Os meus pedidos eram vagos, ou seja, alguém tinha de arranjar tempo, pensar e escrever. São três obstáculos antes sequer de começarem a digitar. E além disso fazia tudo girar à minha volta — o meu portefólio, a minha prova, o meu crescimento — que é justo de certa forma, mas acaba com o ambiente. As pessoas não se importam de ajudar, mas não querem carregar a tua mochila.
Por isso mudei os termos. Comecei a escrever como uma pessoa que gosta de pessoas. Curto, específico e fácil de aceitar. Passei a tratar o testemunho como uma recordação de uma viagem que acabámos de fazer juntos — ainda quente nas mãos, não perdida no fundo do saco. Essa mudança desbloqueou algo quase injustamente simples.
Sejamos honestos: ninguém faz isto todos os dias. Só pedes testemunhos depois de acabar o trabalho, o que significa que estás destreinado. Um modelo impede-te de pensar demasiado e dá ao cliente um trilho suave por onde deslizar. E se resultar uma vez, não tens de o reinventar numa quarta-feira de manhã com dor de cabeça.
A pequena psicologia de um bom pedido
O timing é o segredo
Envia o pedido quando o resultado ainda é visível e o sentimento está fresco. Logo após um sucesso, ou dentro de uma semana da entrega, a história ainda é fácil de contar. Se corrigiste algo doloroso, o contraste está bem marcado. É nessa altura que as pessoas querem falar. Se deixares passar um mês, estás a pedir-lhes para escavar uma memória com uma colher de chá.
Ajusta o teu tom à energia deles. Se estão entusiasmados, mantém leve e celebratório. Se estão calmos e aliviados, sê gentil e agradecido. A forma como o teu email os faz sentir será a forma como vão escrever sobre ti. Mantém essa imagem na cabeça enquanto escreves.
Torna tudo ridiculamente simples
As pessoas dizem logo que não quando a tarefa é confusa. Por isso, não peças “um testemunho”. Pede uma ou duas frases e dá sugestões. As sugestões transformam uma página em branco num caminho. Também te ajudam a obter aquele tipo de frase que vende o teu trabalho — antes/depois, resultado e uma frase coloquial.
Não estás só a reduzir fricção, estás a reduzir medo. Muitos clientes inteligentes bloqueiam só de pensar em escrever algo público. Deixa-os escolher a velocidade. Oferece-te para fazer um rascunho baseado nas tuas notas, depois pedes a aprovação deles. Esse pequeno salva-vidas normalmente devolve-te um texto ainda melhor, porque ajustam para soar como eles próprios.
O modelo de email que finalmente funcionou
Aqui vai a mensagem exata que envio agora. Lê-se da forma como falo. É arrumada, calorosa e leva dois minutos a ler, no máximo. Usa tal como está, ou adapta o ritmo para soar a ti. O segredo está na estrutura.
Este é o email que começou a trazer testemunhos simpáticos e específicos em minutos.
Opções de assunto:
- Pedido rápido, [Primeiro nome]? Uma pequena nota sobre o nosso projeto
- Dois minutos, [Primeiro nome] — adorava a tua ajuda
- Posso citar-te, [Primeiro nome]?
Corpo:
Olá [Primeiro nome],
Trabalhar contigo em [projeto / resultado] fez-me a semana. Estou a juntar algumas notas breves de clientes para [página / apresentação / lançamento], e adorava incluir a tua opinião. Podes partilhar uma ou duas frases sobre a tua experiência?
Para ser fácil, podes responder a este email com qualquer destas ideias:
- O que estava a acontecer antes de trabalharmos juntos?
- O que mudou depois — algum resultado ou momento específico?
- Se um amigo perguntasse por mim/nós, o que dirias?
Se concordares, adiciono o teu nome, cargo e empresa. Só usarei as tuas palavras com o teu OK.
Sem tempo? Posso fazer um rascunho baseado nas nossas conversas e tu só editas. Dois minutos são o ideal — obrigado de qualquer forma.
[Assinatura]
P.S. Se houver algo que queiras destacar no teu testemunho — um valor, um momento, um link — diz.
Esta mensagem faz três coisas silenciosas ao mesmo tempo. Lembra a vitória partilhada, define um pedido muito pequeno e oferece uma saída simples. Repara no tom: nada de jargão pesado, nem encenação. É o email que gostarias de receber à espera do táxi, com o telemóvel quente nas mãos.
Porque é que estas frases funcionam
“Fez-me a semana” soa humano, não artificial. Colocas o cliente no papel de herói sem bajulação, o que é mais importante do que se admite. As frases de apoio levam a mente para a história em vez de adjetivos. Quando alguém responde “antes” e “depois”, tens prova, não floreado. E é a prova que convence quem nunca te viu.
Incluir o pedido de consentimento no próprio corpo do email acalma. As pessoas preocupam-se com o destino das suas palavras. Identificas a página ou apresentação, defines limites e prometes conferir antes. Isso conquista uma resposta. A opção de rascunho é o ingrediente secreto — reconhece a falta de tempo e mostra que fazes o trabalho pesado. Essa gentileza é recompensada.
O assunto é mais importante do que parece. “Dois minutos” funciona porque indica o tamanho do pedido. “Posso citar-te?” dá-lhes um sim/não em quatro palavras. O objetivo não é ser original, é ser claro. Se fizeste um bom trabalho, não precisas de brilhantismo. Só de uma porta fácil de abrir.
Prova de que funciona, não só teoria bonita
Da primeira vez que usei este email com uma fundadora chamada Tessa, respondeu em três minutos. “Antes de ti, o meu checklist de lançamentos só estava na minha cabeça. Depois, a equipa avançou sem eu ter de insistir. Devolveste-me as noites.” Claro, simples, específico. Juntámos nome e empresa, com permissão, e essa frase trouxe dois projetos novos em duas semanas.
Outro cliente, o Raj, não tinha tempo para escrever. Enviei um rascunho com base na nossa chamada final: “Reduzimos onboarding de 14 para 5 dias, e as reclamações desapareceram.” Ele ajustou duas palavras e somou um número. Pronto. Essa pequena frase numa apresentação ao lado de um gráfico vendeu mais do que qualquer descrição educada do meu processo.
Pude ouvir aquele pequeno “shhh” ao sair o email e sentir um nó no estômago. O receio não desapareceu logo. Desvaneceu-se ao quinto email simpático e à décima reserva que citava uma linha de um testemunho. Afinal, o medo era só uma história que inventei para evitar um email de cinco linhas.
Quando enviar e o que fazer com as palavras
Envia enquanto a vitória ainda está fresca. Logo após a última chamada, no dia em que chegam resultados, ou na manhã seguinte ao lançamento. Costumo pôr um alerta no calendário para meia hora após a celebração, quando já não há espumante mas ainda há sorriso. Se o cliente viajar ou estiver atolado, espero dois dias e tento de novo. Não é necessidade, é presença.
Assim que receberes o testemunho, trata-o como um pequeno tesouro. Confirma as palavras exatas, pede consentimento para usar nome e cargo, e oferece link para o site se fizer sentido. Corrige a pontuação mas mantém a voz. Depois coloca-o onde pode valer: página inicial, aberturas de estudos de caso, apresentações, assinaturas de email, e onde os novos hesitam.
Testemunhos funcionam melhor junto da dúvida que resolvem. Se alguém pensa “será que vale o preço?”, põe uma resposta sobre retorno perto do preço. Se hesitam no tempo, mostra uma frase sobre rapidez ou simplicidade. A frase certa no segundo certo é como uma mão no ombro a dizer: podes avançar em segurança.
O lembrete gentil que não soa a insistência
As pessoas esquecem-se. O teu trabalho é facilitar que recordem. Envio um lembrete amigável uma semana depois, e soa a colega prestável, não a cobrador. Curto, suave, sem culpa. O tom faz a diferença entre uma resposta e ser arquivado.
Assunto: Lembrete do pequeno testemunho
Corpo: Olá [Primeiro nome] — a puxar este email para o topo da tua caixa. Se conseguires dar duas linhas com qualquer uma das perguntas abaixo, agradecia. Ou posso rascunhar uma frase para editares, se for mais rápido. De qualquer modo, obrigado. — [Assinatura]
Dois contactos chegam-me. Se do lado de lá a vida está caótica, volto a perguntar só depois do próximo marco, quando a história voltar a estar viva. Não faz sentido arrastar alguém para uma meta invisível. As pessoas lembram-se de como as fizeste sentir. Torna a última interação leve.
Pequenos detalhes que fazem diferença
Pormenores pessoais aumentam as respostas. Menciona a vitória que eles recordam — “o demo que levou aplauso”, “as 5 estrelas de Frankfurt”, “a terça em que cortaste a lista de bugs a meio”. Mostra que lá estiveste, atento, e empurra-os para um ponto concreto. Mantém o email legível: parágrafos curtos, espaço em branco, sem blocos de texto. O telemóvel é onde vão ler.
Se tens um serviço, acrescenta uma linha a dar escolha de tom: “Posso manter descontraído ou formal”. As pessoas gostam de controlar como aparecem. Põe no fim do email um link para a página de outros testemunhos, para verem o estilo. A prova social gera confiança e faz sentir: isto é normal, seguro, até lisonjeiro.
Oferece um pequeno agradecimento, se fizer sentido. Um cartão manuscrito, um livro referido, ou até um donativo para uma causa deles, se a tua política permitir. Não é pagar pelo testemunho, é agradecer pelo tempo. O cheiro de um livro novo faz mais do que qualquer caneta de marca. Pequenos gestos ficam na memória à segunda-feira cinzenta.
Experimenta esta semana, não no próximo trimestre
Deixa o modelo nos rascunhos como um post-it simpático. Após o próximo sucesso, mete nomes e vitória enquanto está quente, e clica enviar antes que a coragem vá fazer chá. O pior que acontece normalmente é o silêncio. O melhor é receberes aquela frase que tentavas explicar há um ano. Essa frase trabalha enquanto dormes.
E se continuares a hesitar, rouba a minha frase: “Dois minutos é perfeito — obrigado de qualquer forma.” Respeita o tempo deles e o teu. Vais surpreender-te com quantos respondem antes da chaleira ferver. E ainda mais quando esses testemunhos começam a garantir novos trabalhos sem precisares de apresentar propostas. Os teus futuros clientes querem ouvir os atuais muito mais do que a ti.
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